Medo ou receio de passar por uma cirurgia da coluna vertebral é algo perfeitamente normal. Vejo meus pacientes com muitas dúvidas a respeito desse tema e sempre com muito medo. Entretanto, vejo também muito sofrimento, que por vezes, é prolongado sem necessidade.
A cirurgia da coluna está indicada resumidamente em duas situações:
1 – Presença de alterações neurológicas, especialmente a perda motora
2 – Fracasso do tratamento clínico ou conservador da doença em questão
Vale ressaltar que o fracasso do tratamento conservador é definido por um período que varia de seis semanas a três meses dependendo da intensidade dos sintomas e das tentativas empregadas, não havendo um consenso rígido quanto ao tempo de tratamento. Isso geralmente é discutido caso a caso entre o médico e o paciente.
Vamos discorrer alguns dos problemas mais frequentes na prática diária.
Hérnia de disco. Os discos suportam e amortecem as vértebras. Quando o revestimento externo (mais resistente) de um disco está danificado, o centro (macio e gelatinoso) do disco pode vazar e passar a comprimir os nervos que estão próximos. Esse pinçamento produz uma dor que se irradia pelo trajeto do nervo. O nervo ciático é o mais frequentemente acometido e daí sua popularidade. O paciente que apresenta uma perda de força ou aquele que tem dor por mais de 3 meses apresenta uma indicação de cirurgia. A simples remoção do fragmento do disco que está pressionando o nervo é capaz de aliviar os sintomas.
Estenose espinal. O canal espinhal, por onde passam as raízes nervosas se torna estreito, comprimindo os nervos. Essa condição provoca dor e dormência nas pernas que pioram durante a marcha. O paciente pode apresentar fraqueza nos membros inferiores durante o caminhar e, para essa característica, damos o nome de claudicação neurogênica. Com frequência encontro pacientes que deixam de andar pequenas distâncias devido a esse quadro e acabam limitando muito suas vidas. Uma descompressão do canal e ampliação do espaço para os nervos traz alívio e permite que o paciente volte a andar com maior liberdade e independência.
Espondilolistese. Esta é uma condição em que uma vértebra da coluna vertebral desliza para frente. Com isso, os nervos também são pinçados e podem trazer quadros semelhantes aos de hérnia de disco ou ao de estenose espinhal. Procedimentos simples também podem reestabelecer a qualidade de vida desses pacientes.
Fraturas vertebrais. São frequentemente relacionadas a osteoporose e traumas banais, que podem resultar em uma fratura nestas condições. É imperativo o tratamento da osteoporose com medicação adequada. Nos casos em que a fratura é muito dolorosa e limitante, procedimentos simples como a cifoplastia (injeção de cimento específico para o osso dentro da vértebra) aliviam as dores e reestabelecem uma condição clinica melhor para o paciente.
Tipos de cirurgias
Existem muitos tipos de cirurgias para a coluna. Cada caso deve ser avaliado de forma independente. Mesmo após procedimentos cirúrgicos, medidas como manter a postura, controlar o peso e fazer atividade física são importantes em uma programação de recuperação pós-operatória. O ortopedista especialista em doenças da coluna é quem poderá avaliar e indicar qual é o tipo mais adequado ao seu caso.